Eu, talvez um ET.

Desencaixada — esse é o nome da sensação que tenho quando encaro o mundo fora do meu quarto. E nem preciso sair pelo portão; no meu próprio celular vejo a fotografia dos dias de hoje. Vejo a decadência dessa geração. Que lástima. Que grande perda.

Justo agora, quando alcançamos alguns direitos e liberdades, nos prendemos numa realidade banal e superficial, sempre fugindo do profundo e do intenso. Tudo parece tão raso. É como se a vida tivesse perdido o valor, como se o sentimento não tivesse mais espaço nesse novo mundo superconectado.

As letras das músicas ultrapassaram limites inimagináveis, a sexualidade virou produto e a luta por atenção e comparação só cresce. Essa semana descobri que o Brasil perdeu 20% de seus leitores. Isso não é só uma tristeza para quem vende ou escreve — é uma tragédia para todos nós.

Se estamos parando de ler, onde está nossa atenção? Em trends de dança? Em tutoriais de maquiagem? Enquanto isso, nossos ouvidos sofrem com letras sem valor, sem conexão, sem arte.

Arte. Onde está você quando mais precisamos? Quem vai salvar essa geração alienada na tecnologia, que tem medo de sentir demais, que transforma afeto em jogo emocional pra não se sentir inferior? Onde o ego grita, o orgulho berra — e a sensatez... ensurdece.

Eu me sinto um ET porque não me adapto a esse mundo. Sou romântica, sentimental, emotiva, profunda, intensa, de verdade. E isso assusta, causa medo, afasta.

Mas quer saber? Não é de todo mal ser um ET. Ser diferente num lugar onde tudo é igual — onde todos seguem o mesmo caminho, como numa carreira de patos — tem suas vantagens. Meu olhar é crítico, e eu vejo com clareza: neste mundo, eu não quero me alienar