Flores em Movimento

é sobre florescer em movimento, ou seja, continuar se construindo e se amando mesmo diante dos dias gris.

35 anos de idade e muita emoção acumulada, sonhos na gaveta e 2 pets para criar. Seja muito bem-vindo à primeira Crônicas da Rô. Esse com certeza vai ser um espaço de afinidade mútua, onde vou me deixar ser eu, sem máscara — e quero conhecer vocês sem máscara também.

Não chorei só no supermercado, mas também no banho e até no carro, sempre que percebo o quão longe estou de onde eu estava há 10 anos. Meus 25 anos não foram os melhores. Falida, morando de aluguel e sozinha em uma mega cidade que, por ventura, tem em sua essência velocidade e solidão. Perrengue, minha querida amiga! Hoje, tendo em mente minha situação atual — casa própria, morando em uma ilha paradisíaca e com pessoas ao meu redor — vejo que eu precisava passar por aquela fase, fazer as coisas erradas lá atrás para hoje ter maturidade e autossuficiência para aproveitar melhor esse momento. Os 35 anos!

Não estou casada, com filho, nem com MBA nas costas e uma superposição em uma superempresa. A vida tinha outras escolhas para mim, que simplesmente não tive controle. Diálise 3 vezes na semana e meus arranjos que chamo de trabalho e estudos. É engraçado você achar que a vida se resolve com o tempo. Adivinha só: não! Se você não tomar controle dos seus dias, seu futuro, além de incerto, pode vir com surpresas desagradáveis. Não estou infeliz, mas, vendo que minha mãe parte para a Europa no mês que vem e eu não posso me afastar da cidade nem por 3 dias, chego à conclusão de que felicidade é algo muito singular. Estou bem, digamos, financeiramente — mas poderia estar melhor, é claro. Estou bem mentalmente com ajuda de terapia, psicotrópicos e autoconhecimento. De uma forma geral, estou bem. Digamos que esperava estar melhor aos 35, mas agradeço como está no momento. Poderia ser pior!

Isso tudo acima escrevi somente para dar boas-vindas a vocês e inteirar como vão ser as coisas por aqui. Esse não é um blog normal. É um lugar onde pessoas de verdade encontram pessoas de verdade, sem máscara. E aí estão minhas feridas. Por favor, não jogue sal. Sejamos para nós o que queríamos que fossem para a gente.

Antes que pergunte: eu chorei de alegria. Foi um sentimento bom que me inundou e me fez escrever esse texto, então aproveite a energia boa desse post e multiplique!

Mais detalhes sobre o blog: vamos abordar matéria de extrema importância e mais um monte de bla bla bla. Equilíbrio é tudo.

Ego. Uma palavra tão pequena com um significado gigante. “Eu mesmo” — a parte de nós que tenta mediar nossos impulsos e o mundo exterior. Mas se você não tem controle, ele te domina.

A partir dessa palavrinha, começamos nosso texto sobre outra: amor. Também pequena, também intensa. E, quando se junta com o ego… nasce um desastre. O meu desastre — romântico e pessoal.

Eu tinha certeza de que estava apaixonada. Que era recíproco. Que, mesmo com tantos impedimentos, ele (vamos chamá-lo de Princeso) só estava esperando o momento certo pra vir e me conquistar — eu, a Princesa.E adivinha? Passaram três anos. E nada.Porque não tinha nada pra acontecer. Nem dele. Nem de mim.Por mais que, na minha cabeça, houvesse sinais de que seríamos felizes em alguma realidade paralela da minha psique.

Convencer-me de que Princeso me queria foi fácil. O difícil foi encarar que tudo era só ilusão. Uma ilusão construída pela minha carência, alimentada pelo meu ego cego e temperada com uma baixa autoestima que não enxergava o óbvio: era uma cilada.

Superar isso foi pior que choque térmico.Porque doeu no ego. Doeu no coração. Doeu nas cenas românticas que eu criei sozinha. E o Princeso? Hoje não passa de um desconhecido que só acena quando passa por mim.

Uma cilada tripla: um cara mal intencionado, carência à flor da pele e autoestima arranhada. Pra sair disso, só com muito blá-blá-blá — desabafando até esvaziar a alma. Falando até cansar a língua, até secar as cordas vocais. O remédio? Falar. Se afastar. Esperar. Mas passa.

E quando passa, você ri da própria loucura — e volta a ver a vida colorida de novo.

Desencaixada — esse é o nome da sensação que tenho quando encaro o mundo fora do meu quarto. E nem preciso sair pelo portão; no meu próprio celular vejo a fotografia dos dias de hoje. Vejo a decadência dessa geração. Que lástima. Que grande perda.

Justo agora, quando alcançamos alguns direitos e liberdades, nos prendemos numa realidade banal e superficial, sempre fugindo do profundo e do intenso. Tudo parece tão raso. É como se a vida tivesse perdido o valor, como se o sentimento não tivesse mais espaço nesse novo mundo superconectado.

As letras das músicas ultrapassaram limites inimagináveis, a sexualidade virou produto e a luta por atenção e comparação só cresce. Essa semana descobri que o Brasil perdeu 20% de seus leitores. Isso não é só uma tristeza para quem vende ou escreve — é uma tragédia para todos nós.

Se estamos parando de ler, onde está nossa atenção? Em trends de dança? Em tutoriais de maquiagem? Enquanto isso, nossos ouvidos sofrem com letras sem valor, sem conexão, sem arte.

Arte. Onde está você quando mais precisamos? Quem vai salvar essa geração alienada na tecnologia, que tem medo de sentir demais, que transforma afeto em jogo emocional pra não se sentir inferior? Onde o ego grita, o orgulho berra — e a sensatez... ensurdece.

Eu me sinto um ET porque não me adapto a esse mundo. Sou romântica, sentimental, emotiva, profunda, intensa, de verdade. E isso assusta, causa medo, afasta.

Mas quer saber? Não é de todo mal ser um ET. Ser diferente num lugar onde tudo é igual — onde todos seguem o mesmo caminho, como numa carreira de patos — tem suas vantagens. Meu olhar é crítico, e eu vejo com clareza: neste mundo, eu não quero me alienar

Como continuar linda, lúcida e levemente debochada enquanto faz hemodiálise. De forma leve, quero trazer para vocês como é possível ser feliz, seguir com a vida tranquilamente e ser “normal”, mesmo fazendo hemodiálise três vezes por semana. Esse texto é para ser lido com um cafezinho, porque ele foi feito para aquecer e tranquilizar seu coração — seja você quem está passando por isso ou quem convive com alguém nessa situação.

Antes de tudo, quero adiantar: cada experiência é única. Cada pessoa sabe pelo que está passando, e cada corpo responde de maneira diferente. Desde que me entendo por gente, sou uma pessoa com doença renal crônica. Não sei como é não ser. Minha história completa eu conto em outro post. Sempre fui muito sonhadora, sensível e forte. Por muito tempo, não deixava transparecer nenhuma fraqueza — não queria que me vissem como uma pessoa doente. Já que fisicamente não parece, mentalmente eu também não deixaria parecer. Essa era minha regra de ouro.

Neste exato instante, estou sentada em uma poltrona, em meio à terapia, e está passando um cara lindo na minha frente. Vida real, né? Algum tempo atrás, enquanto estava transplantada, jurei que, se perdesse meu rim, acabaria com minha vida. De fato, um ano depois eu perdi o rim. E já fazem três anos desde esse episódio. Hoje eu sou feliz. É engraçado dizer isso, mas é verdade.Sou grata por essa nova chance. Não estaria aqui escrevendo, nem vivendo minha vida ao máximo, se não fosse a diálise. Ironicamente, esse é com certeza o momento mais lúcido da minha vida. Encontrei, na diálise, amigos e suporte para passar por essa fase. Quem sabe se terei outro rim algum dia? Não sei. Mas aprendi a organizar minha vida ao redor dessas máquinas que me mantêm viva.

Limites. Isso é algo que eu detesto. Mas, a partir da aceitação e da organização, consegui não só conciliar minha vida, mas também diminuir os limites que me cercam. Saio com amigas pra curtir a noite, estudo, trabalho... Moro sozinha e tenho dois dogs (a Liz e o Kiki). Lógico, rede de apoio é tudo. E como disse no início do texto: cada condição tem suas singularidades.

Só quero deixar claro que sim — você pode viver, ser feliz e continuar seus projetos e trabalhos.Só precisa de alguns ajustes. E, em alguns casos, algumas mudanças. Mas você não precisa perder sua essência nem seu brilho por causa de uma doença. Eu sei que você vai encontrar uma forma de enquadrar tudo certinho e viver entre máquinas, agulhas, projetos e uma playlist feliz. Queria estar tomando um café numa daquelas cafeterias de Paris... Mas estou aqui, na poltrona da diálise. Tenho anseios, vontades e sonhos que talvez nunca se realizem. Experiências que, se eu não dependesse dessas máquinas, talvez vivesse. E, talvez, você vá sentir isso diversas vezes também.

Mas aceitar que essa é a sua vida agora ajuda a minimizar esse sentimento e a focar nas coisas maravilhosas que você ainda pode viver, mesmo com tanta restrição. Foque no lado bom da vida. Faça valer a pena cada segundo dessa segunda chance que você tem em mãos. Lembre-se: não é o fim — pode ser o recomeço de algo incrível.

Não, você não está velha. Aceite isso. Ter 30+ não é sinal de fim da vida, é, na verdade, a segunda parte. Ou seja, é o momento certo para colocar aqueles sonhos largados em prática.

E o momento é propício, principalmente, pela maturidade que você alcança nessa idade. Clareza, certezas e estabilidade (não é uma regra estar estável) te impulsionam a ter mais foco e disciplina para se transformar na pessoa que sempre quis ser. Estamos cercadas de influências e crenças que nos fazem acreditar que precisamos ter um “limite” de idade para ser o que queremos ser.

Mas já pensou que isso pode ser medo do opressor que tenta desestabilizar a potência que nos tornamos quando chegamos aos 30? E por não ter nem metade da força, inteligência e, muitas vezes, cérebro, usam artimanhas para nos fazer acreditar que “somos velhas”, que já passou nosso tempo.

A crítica negativa sempre vem de alguém muito menor, justamente porque, para estar em seu encalço, esse alguém não é suficiente.Tome seu brilho de volta. Estude, trabalhe, crie projetos, sonhe, tenha filhos, case. Ninguém pode te parar. E esse é o medo de quem tanto critica a nós, 30+. Lembre-se: você só está na segunda fase da sua vida. Tem muita coisa te esperando.

Recomeçar do zero é sempre uma boa ideia. Comece hoje mesmo a reescrever sua história — e, o melhor, do jeito que você sempre quis. Eu estarei aqui para te aplaudir e, se for necessário, para te levantar com palavras poderosas que vão te fazer acreditar que sim, você é uma potência e capaz o suficiente para brilhar nessa nova fase.

Minha menina, por mais que o mundo grite palavras horríveis ou sussurre ofensas pesadas, ignore.

Por mais que sinta que nunca é o suficiente, e que precisa dar seu sangue para valer a pena, ignore.

Por mais que pareça ensurdecedor o ruído da rua berrando que você precisa ter grandes produções para “ser alguém”, ignore.

Ignore tudo o que te faz mal, pois nada disso é verdade, e nada é certeza.

Minha menina, me ouça com carinho e eu te falo com amor: você está viva, e faz tanto sentido a sua existência, o mundo sem você seria cinza.

O mundo sem suas palavras, sem seu afeto, seria tedioso e desconexo.

Minha menina, não se culpa e não se cobre por não correr tão rápido, por não alcançar, ou até mesmo por não chegar onde todos querem chegar.

Todos são iguais. E você é única e singular — e isso vale mais que qualquer “todos iguais”.

Minha menina, eu entendo a sua dor. Te acolho e te amo, te empodero e te peço para brilhar.

Preciso que olhe para os lados e veja o quão gigante é.

Minha menina, desde sempre te fizeram acreditar em mentiras.

E hoje, com muitas cicatrizes e feridas mal resolvidas, você tenta desacreditar.

Eu sei... é quase impossível aceitar que tudo o que acreditamos ser verdade, são mentiras.

Minha menina, olhe para frente.

Quantos dias você tem?

Por mais que você queira abraçar o mundo e a vida te impeça, o pouco que você tem pode ser mágico, se você quiser.

Paciência não é só uma virtude.

É a chave para ter paz e calma nesse seu coração apavorado e sonhador.

Então, minha menina, respire fundo e olhe como o sol está brilhando hoje.

Como as coisas estão bem.

Você está segura. Você está completa.

E está tudo bem.

Felicidade, minha menina, é um punhado de momentos felizes que criamos com pensamentos e atitudes positivas.

E nada disso tem valor se você apagar seu brilho querendo ser mais um “todos iguais”.